segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Maos a obra em Petit

Aqui em Sète o outubro chegou, mas o calor continua forte.  Estou ha um mes trabalhando duro na reforma do Petit Bateau para que antes do fim desse ano esteja novamente no mar.  O objetivo agora é chegar a India com segurança, pois vamos pelo Mar Vermelho é  rota de piratas.  Estou fazendo tudo o que posso fazer. Lixando, desmontando e pintando.  Fazendo alteraçoe no Petit tambem.  Teremos enrolador de genoa, carrinho na vela grande, compartimento para ancora e motor de popa.
Estou me sentindo um pouco sozinha, pois aqui em Sète nao fiz amigos e é trabalho, remar, comer e dormir.  Tenho a companhia dos meus gatos, tenho dois.  Mas apesar de nao poder falar muito vou levando com força e muita vontade de retornar ao mar.  Os passaros estam chegando.  Cada dias temos mais aves a voar o ceu de Sète, é o outono.  Seguindo a luta para retornamos ao mar minha eterna estrada.




quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Dicas Canal do Suez e Mar Vermelho

O Sombra do veleiro Guardian e o Cristiano do veleiro Vagabond me deram dicas para passar no Canal de Suez e Mar Vermelho.
Voces podem acompanhar suas aventuras em: http://www.mundovagabond.com/vaga2
http://www.guardianboat.com.br/

Vamos as dicas valiosas:


Super Almiranta Izabel...como estamos e as navegadas....vamos lá entao as informacoes sobre o Canal de Suez e o Mar Vermelho...
Em 2005 cruzamos por lá...mas acreditamos q as dicas ainda estejam prevalecendo...qualquer duvida o super mano Cristiano do VAGABON.... bahiano... Em Port Said vc deverá contratar um Agente para organizar a sua travessia pelo Canal...use de preferencia aquele q mais clientes estiver fazendo pois é o mais barato...O GUARDIAN pagou em 2005 com seus 43 pes US$250,00...
Nao ha eclusas o canal é direto no mesmo nivel...vc pode faze=lo em 2 etapas o q é melhor.... a 1a Port Said / Ismalia e ficar no Iate Clube de Ismalia q é bem legal e depois fazer a 2a etapa de Ismalia/ Cidade de Suez...O canal é de somente uma mao..num sentido..tem dias q sobe e outros q descem...
Ha poitas e no Iate Clube de Ismalia Marina...com todas as facilidades...
Depois é descer ladeira e curtir o MV q é exponencial...
Quando Chegar a Djibouti...depois do Estreito de Bab-El-Mandab....ai deverá ver como fazer para atravessar o Golfo de Aden....eles hoje estao formando comboios de veleiros e a saida parece q é em Dijibouti...
Nao se esqueca q vc está adentrando terras muculmanas e sendo dama ..por lá as coisas sao complicadas ..mas nada q o velho jogo de cintura brasuca nao domine....
Port Dudao nao fizemos papeis..somente cruzamos por sues corais q tem coisas muito belas..inclusive a cidade submersa do Custeau ...depois locais lindos nas ancoragens q chama de Marsas...vale vc ter a bordo o Guia do Imray para o Mar Vermelho q é excelente e diz tudo...
Agua é bom levar os garrafoes se bem q nao ha grandes problemas..o diesel é de graca...barato mesmo...comida tem bastante..principalmente no Egito...onde seu abastecimento deve ser feito...e com folga...pois alem de barato tem maiores opcoes...
Todo mundo fala o ingles e em Dijibouti o frances ....fique atento pois a mocada gosta de surrupiar as coisas principalmente quando andando na cidade e para tudo pedem gorjetas...mas sempre ha aquelas saidas...
Quando estivemos por lá face a nossa formacao de arquiteto..visitamos muito o Egito..Piramides .. .Museus ...Nilo...etc..todavia ainda era o Mobarak o Presidente...q agora foi deposto...assim nao sabemos como estao as coisas...mas o Cris podera ter dar um quadro mais atual...O maior cuidado realmente é o aspecto pirataria na Somalia...mas nada q nao se possa evitar....
Qualquer coisa manda as ordens...
Abs e boa viagem...
O mano
Sombra.....

..................


Oi Bel,
Abaixo so algumas pequenao atualizacoes nas informacoes do Sombrinha:
Travessia do Canal:Como o Sombra falou, tem que usar agente, nao me lembro se paguei 200 ou 250 dolares mas eles tem 3 agencias. Vale a pena contactar-los por email antes so para ter certeza do preco ... eles ja estao macumunados e o preco nao tem margem para choro. Existe uma pequena marina em Said mas o melhor mesmo para visitar as piramides e sair de Ismalia, porque fica mais perto e sai mais barato doque se vcs forem desde Said. Em Ismalia agora tem um yacth club (nao existem mais boias) mas o preco e ok, nao e caro.
Piratas: Aqui a unica mudanca significativa no que o parceiro falou. O perigo agora e atravessar o Indico porque de Dijibouti ate Egito nao existe mais perigo. As forcas da coalizao estao patrulhando o canal fortemente e quando vc entra no mar vermelho acaba a tensao. O comboio que eu fui dedidiu nao passar por Diboujti porque teriamos que nos aproximar muito da Africa ... e atualmente nao e uma boa ideia. Saimos juntos das Maldivas com o velero holandes (ING) que foi sequestrado esse ano (e ainda estao desaparecidos) ... eles foram sequestrados ha 50 milhas de distancia da onde estavamos, escutamos pelo UHF o aviao militar tentando fazer contato com eles quando eles ja tinham sido abodados pelos piratas ... situacao sinistra! Eu conversei com o casal um dia antes da gente fazer a travessia, convidei eles para ir junto com a gente (fomos em 3 veleios) mas eles disseram que preferiam navegar sozinho ... uma pena
No mais e isso ai ... comforme nosso ultimo email ... eu se fosse vcs ficava pela Tahilandia uns 2 ou 3 anos ate ver se essa merda de piratas acaba ... foi o pior trecho de toda minha viajem ... e nem a pau faria novamente. Cheguei la achando que brasileiro nao tem medo de nada, que fui criado na favela, etc ... mas a verdade e que os piratas querem dinheiro e sequestro nao ve nacionalidade. "
Cris
Vagabond








quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Ferias






Depois de 5 meses viajando com Petit resolvi que era hora de um descanso e fui de ferias com meu namorado rumo a Córsega e Sardenha. Duas ilhas do Mediterraneo ricas em natureza e de culturas diferentes. Uma francesa e outra italiana. A viagem agora era diferente, pois estava a bordo de uma super maquina um trimaram de 45 pés, Fine Mouche. E era diferente mesmo pois ele voa. Um veleiro estável e confortável. Levamos junto a Ellen que ficou encantada com a nova casa. Corre o tempo todo no barco se diverte e de vez em quando leva alguns banhos. Acho que ela gosta, pois em toda parada ela cai na água e sobe sozinha no barco. Rs. Foi uma viagem agradável e deu para recuperar energias e agora de volta a França muito trabalho.
Petit depois da dura passagem pelo Mediterrâneo precisa de reparos e muitos. Então mãos a obras e em breve novamente a navegar.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Açores - Sete














A Travessia do Mediterrâneo “- E até quando pensa o senhor que podemos continuar neste ir e vir dum caralho? – perguntou-lhe.Florentino Ariza tinha a resposta preparada há já cinqüenta e três, sete meses e onze dias com todas as suas noites.- Toda a vida.” O amor nos tempos do cólera, Gabriel García Márquez.Já tinha perdido a noção dos dias que estava no mar. Mas quando pisei o chão de Alicante uma coisa tinha certeza: Completei minha quinta travessia do Atlântico. Um ping- pong entre França e Brasil. Com as pernas um pouco sem forças e meio desequilibrada, tentava prender meu barco. Era difícil, pois estava em cima de um cilindro de uns dois metros que serve de defensa para a paragem de navios. Como parei ali? Rs...Parti dos Açores no fim da tarde com a ajuda dos rapazes da marina. Um deles me ajudou a subir os panos e feliz me contava que possui um mini e um dia também seguiria rumo a França. Logo que sai da marina o vento acabou. Mas não demorou muito para entrar com força e fui risando os panos. Segui a noite toda com bastante vento em direção norte. A idéia era ganhar altura para que chegasse pelo norte do Cabo de São Vicente, em Portugal, pois o vento lá é forte, as ondas passam dos 3 metros e não seria nada agradável pegar esse mar de traves.Pela manhã o vento caiu e permaneceu fraco por muitos dias. Segui em busca do vento de norte, mas ele não chegava e ventos do sul prevaleciam. “Devagar e sempre” seguíamos; ou melhor: devagar sempre seguíamos.Sonhei essa noite que estava com Elen passeando numa praça. De repente ela some. Começo a procurar e acho um tapete cheio de gatos pequenos das mais variadas cores. Fixo-me nos brancos, mas são tantos com olhos vermelhos, azuis, com manchas aqui e ali. Mas nenhum era ela. Aparece um caminhão e coloca os gatos dentro. Lá existem outros tantos gatos. Quando o caminhão parte olho para o chão e Elen está lá olhando para mim. Acordo com as velas batendo.Uma manhã avisto um veleiro. Passo um rádio e não acredito que o veleiro é brasileiro. É o “Temüjin” retornando a Lisboa de uma viagem de circunavegação pelo Atlântico. Eles me oferecem o almoço e não resisto. Reduzo a grande, tiro o gennaker e sigo lentamente na direção deles. Me aproximo e eles felizes me passam a comida. Falo com Lúcio e Caio pelo rádio. O barco possui 4 mineiros e um paulista. Como recusar comida mineira! Realmente fiz bem. Um peixe maravilhoso com arroz. Elen adorou tanto que no dia seguinte a flagrei mexendo no lixo, atrás da embalagem da comida.O vento também chegou. Chegou forte, de traves e com ondas de mais de 3 metros. Ui! As vezes as ondas quebravam com violência e o Petit Bateau chegava a deitar. Em menos de 48h passamos a linha dos navios que saem para o Gibraltar. Eram muitos e vinham alinhados, mas não foi difícil. Nenhum problema. Logo depois a linha dos que seguem do Gibraltar. Um vem na minha direção, mas desvia. Rumo agora para Trafalgar e faço um cálculo, pois para passar o Estreito preciso passar na maré. Como o vento está muito inconstante, vou de tempos em tempos refazendo meus cálculos. Chego próximo a Tarifa com pouco vento. Meu coração bate forte. Adoro essa região de fortes ventos e de uma energia impressionante. Uma região clandestina. Onde muitos morrem na luta constante de ultrapassar o estreito África-Espanha em busca de uma vida melhor. Relembro de quantas tardes passei a contemplar os contornos das montanhas da África sentada à beira do mar de Tarifa. Relembro dos dias que remei de Vila Real de Santo Antônio até Tarifa. Uma vontade de largar o ferro e me perder entre as ruas estreitas da vila. Mas o vento aumentou e a corrente também. Era a maré que começou a encher e o barco passava dos dez nós sem esforço nenhum.Já estava escuro quando cruzo a baia do Gibraltar e um grande catamaran em alta velocidade cruza meu barco. O barco com essa velocidade deve chegar a África em poucos minutos. Navios de todos os lados. O vento para variar acaba e o Petit Bateau fica boiando entre um vir e ir de navios. Um passa jogando luzes no meu barco. Não adiantava questionar, pensava. O barco não ia se mover, não havia vento e nem motor. Fui dormir.No dia seguinte a previsão pelo rádio era de ventos fortes à noite e marejada. E não deu outra. No cabo da Gata a corrente era tão forte que parecia que estava no Atlântico. As ondas às vezes chegavam com mais de 2 metros e com violência. O piloto não segurava o barco e eu o levei por horas até que cansei. Baixei os panos e fui dormir por duas horas. Voltei a subir as velas e, agora, com o vento mais calmo, o piloto já segurava o barco.Navegava a 15 dias. A comida e a água estavam acabando. Tinha ainda muita comida liofilizada, mas nada de biscoitos e guloseimas. Resolvi parar. Entrei rumo a Alicante em direção à marina que já havia parado em 2009. O vento estava muito forte e era difícil entrar no pano. A vela grande estava com a testa remendada e ficava difícil descer. Então segui adiante a fim de entrar na cidade de Alicante, direcionando-me para a Marina de Alicante. Ali irá ocorrer a Volvo Race. Antes de entrar no porto desci a grande. E entrei só com a genoa. Fui orçando com dificuldade até que acabei por derivar, derivar, e lá estava eu e o Petit Bateau no ancoradouro de navios. Um estivador vem me ajudar. Também um veleiro se aproxima e peço um reboque até a marina. Passo um cabo e eles chamam a marina que envia em barco de apoio. Chego à marina já no fim do dia cansada. Elen faz a maior festa. Corre de um lado para o outro e logo muitas pessoas se aproximam para observar o pequeno barco e uma gata doida. Elen foi atração esse dia. E nem se importava com o assédio. Continuava o ir e vir de popa a proa sem parar.Um senhor se aproxima. É o rapaz do veleiro. Ele me convida para jantar. Me diz que a moça que estava no barco é escritora e queria falar comigo. Ela tava encantada. Ela escreve novelas na Espanha e a novela atual tem uma navegadora que vai à África sozinha em busca de um amor. E leva consigo um gato. Quando ela viu Elen e eu sozinhas no barco, não acreditou. Foi um jantar agradável. Voltei para o barco e dormi um sono pesado e longo. Fui ao centro comprar comida. Nossa! Carreguei 3 bolsas repletas de mantimentos e água por mais de 3 km. Caminhava um pouco, parava; e, assim, foi até chegar à marina. Nossa, que sufoco! Preciso comprar uma bolsa com rodinhas.Coloquei água a bordo, arrumei a comida e joguei um pouco de água no barco, e logo já estava me preparando para partir. Um grupo de pessoas se reunira em volta do barco. Veio se despedir de mim. Era a tripulação do barco solar espanhol. Que simpatia. Tiravam fotos, e fizeram o sinal sonoro da minha partida.O rapaz da marina me levou até a saída do porto. Muito simpático falou que eu não gostava de terra. E com um aceno nos despedimos.Levo o barco até se distanciar da costa e ligo o piloto, mas, para minha surpresa, ele não responde. As luzes estão acessas, mas não trabalha. É noite e levo o barco até a noite seguinte. 24 horas no leme! Durante o dia tentei consertar o piloto, mas ele nada. À noite a maré aumenta, e o vento também. Levo o barco até a madrugada, mas já não agüentava mais. Baixo os panos e vou dormir. Antes de amanhecer já estou novamente subindo os panos e assumindo o leme. Mas agora era diferente. Comecei a testar, testar e já consegui levar o barco sem a necessidade de segurar o leme. Para ventos favoráveis a genoa manda. Empolpada fica difícil se o vento for forte, se for fraco é só soltar as velas que ele navega sozinho. Ventos favoráveis e fortes só levando o leme. Ventos contra e fortes, as duas velas e o barco voa. Vento contra mais fraco só a grande folgada. E assim pude descansar e fazer turnos com o Petit Bateau. Já que no seu turno, quando o vento não era contra e forte, o rendimento era fraco eu procurava levar o máximo que podia o leme.Baixei os panos para reparar as velas do Petit Bateau. A genoa rasgou e precisava costurar. Estava na proa costurando quando Elen apareceu correndo. Estava sem o cabo de segurança. Dei-lhe uma bronca para voltar para a cabine, quando ela desapareceu entre os panos. Continuei a costurar a vela e, ai, algo me fez ver se Elen, realmente, entrou na cabine, quando a vejo nadando numa luta desesperada para retornar ao barco. Ela tinha caído no mar. Que desespero. O barco navegava a essa hora a menos de 2 nós, pois estava com pouco vento e sem vela de proa. Corri, joguei a bóia de mar e Elen agarrou e subiu em cima. Tranqüila esperou eu puxá-la de volta para o barco. Comecei a chorar. Que situação horrível. Foi ai que parei e bolei um sistema de segurança. O sistema consistia em cada pessoa a bordo possuir uma pulseira que iria ter um GPS e, através do rádio, enviar um sinal ao barco quem receberia e num sistema ligado ao seu GPS iria ter a posição de cada tripulante. Depois quando cheguei em terra descobri que minha invenção já existia. Não pensem que Elen se importou com o banho que tomou ao cair no mar, pois em menos de duas horas já estava a observar o mar e correr no barco. Aiaiaiaiaiaia. E assim seguíamos, comendo mal, e muito cansada. Na altura de Barcelona o vento e a maré aumentaram muito. Resolvi me aproximar mais de terra para fugir da maré. O vento caiu e subi mais panos quando algo estranho aconteceu. O mar ficou sinistro. Parecia que fervia com bolhas explodindo por todos os lado. O barco se mexia muito e não dava para fazer nada a bordo. Era a troca de vento que de sudoeste passava para leste. Impressionante. Nunca vi nada igual. O vento à noite caiu e passei à deriva observando as luzes da cidade. Adormeço. Antes de amanhecer subo os panos, e o vento vem de um lado, depois de outro e dou ‘n’ bordos em pouco tempo. Ele demora a se firmar. Estou muito próxima do temido Golfo de Lion. Passo o cabo e marco minha posição no rastreador. O vento começa a crescer, cresce e vai roldando, roldando até ficar noroeste. Ele sopra forte, pára e ganha mais uns graus a oeste; volta a ter força, pára e mais uns graus a oeste até se tornar noroeste. Entre essas pausas ia rizando as velas.Fico com a grande com 2 risos e a genoa. Muito pano para o vento porque tinha força 6 a 7. Mas, só assim não precisava ficar no leme. Se rizasse a grande era muita genoa e o barco iria mais de traves e se rizasse as duas ai ia muito devagar. Estava a menos de 80 minhas de Sète e queria chegar no dia seguinte. Às 3 da manhã já estava a 18 milhas de Sète, mas agora o vento era na cara. E de bordo em bordo tentava me aproximar de Sète. Nossa, que cansativo. A genoa rascou e coloquei a genoa de tempestade. O vento começou a aumentar e resolvi rizar a grande quando a catraca quebra. Tento consertar mais o parafuso quebra a cabeça e não consigo desmontá-la. Fica difícil descer e subir a grande, pois como estava toda remendada, só com a catraca conseguiria. Estava a 3 milhas de Sète quando passei um rádio para Alain. Afinal estava em casa e não precisava sofrer. Largo o ferro. Alain rápido aparece com um barco e em poucos minutos estou ancorada no Porto de Sète. Alain me olha com um olhar de lado e um brilho nos olhos. Eu estava um horror, mas isso não tinha importância. Foram meses que esperou; e sorrindo me recebe em sua casa. Elen era só festa. Minha gata baiana e sobrevivente era só alegria.“Rapadura é doce, mas não é mole” Essa frase fica para o Mediterrâneo. A Travessia do Mediterrâneo foi uma das mais duras que passei. Bel”



Martinica - Açores













Parti de Martinica no dia 4 de maio num dia de muito calor e sem vento. Rumei a oeste e segui depois a leste no canal entre Martinica e Dominica. No canal o vento engrossou e o tempo foi mudando. O ceu foi ficando cada vez mais sinistro, mas a bordo a paz reinava. Elen não parava quieta. No dia 6 caiu muita chuva e o vento engrossou e ficou contra. Mas o vento não durou muito e a noite estava com todos os panos em baixo, pois não aguentava mais ver velas batendo.
No dia 8 uma super tempestade. O mastro tremia que pensei que ia quebrar. E seguia assim a viagem com uma hora de forte vento e depois nada. No dia dez a nossa Elen saiu pela primeira vez de dentro do barco sozinha. Agora a atençao tem que ser dobrada, pois o risco dela cair na agua era grande. Entre ventos, calmarias e cuidados com a gata ia pensando na vida, no futuro, nos sonhos, nos amores...
Os outros dias da travessia foram super tranquilos. Vento favoravel, gennaker o tempo todo, dia e noite, lendo livros e me divertindo com a pequena Elen que não para quieta.
Avisto 3 veleiros e tento falar com eles, mas não entendo nada o que falam e desisto. Chego aos Açores e o vento cai e passo mais de 12h para conseguir as 3h da manha chegar no porto. Confesso que pensei que minha amiga Beatriz Madruga iria aparecer de barco a qualquer momento. Mas isso não aconteceu. So depois fiquei sabendo que ela tinha viajado com seu marido, o velejador solitario Genuino Madruga para Lisboa, pois iria ter um encontro com o presidente de Portugal, pois Genuino lançou um livro “ O Mundo que eu vi“ sobre sua segunda volta ao mundo em solitario e iria presentea-lo ao presidente. Estou louca para ler. O titulo é lindo.
Acabei por não encontrar minha amiga. Mas fui no Peter Café e curti um pouco esse pedaço do Atlantico.



quinta-feira, 2 de junho de 2011

Martinica

O calor é de matar. No primeiro dia caiu um forte chuva, mas agora nao tem chovido mais. Aproveitei para dar uma geral no barco, descansar e mergulhar, pois aqui é lindo. Ontem fui jantar no veleiro do Andre e da Marti, amigos franceses que vivem aqui. Foi super agradavel. Quando retornei ao barco o segurança da marina disse que quase levaram embora o meu caiaque. Ele chegou a tempo. Aiaiaiaia. Hoje foi a vez a aduana visitar o meu barco. Entraram, revistaram tudo e fizeram mil perguntas. Eu morrendo de medo por causa da Elen, minha gata clandestina, e ela que o dia todo estava quieta dormindo na hora apareceu miando sem parar. Para minha sorte eles nem se importaram com ela. No fim do dia tomei rum com outros velejadores meus vizinhos na marina.
Eles perguntaram qual era o meu trabalho e a policia tambem. Poxa nem se pode ser " vagabond des océans" tranquila.
Vou passear e "Viver a Martinica" um pouco mais.

terça-feira, 31 de maio de 2011

"O mar ta tao feio que tem até chifres" Frase de um pescador via radio VHF.





Parti de Salvador no dia 4 de maio pela manha, as 7h. Tive quer dar muitos bordos para sair da Baia de Todos os Santos. Em frente ao Iate Clube entrou um forte vento e tive que risar os panos. Enfim em alto mar.
Minha gata, a Elen, uma gata vira-lata de olhos azuis nem passou mal nas primeiras horas, ja estava toda adaptada e nao parava de correr de um lado para o outro no pequeno Petit. O vento alternava entre fraco e forte, mas ate Recife foi contra, uma bolina folgada.
De Recife ao Calcanhar o vento engrossou e o barco chegou a deitar. Ondas de mais de 3 metros. E uma corrente impressionante. Petit passou dos 12 nos.
Estava feliz achando que era os alisios e que rapido chegaria ao Caribe. Nesses primeiros dias o barco teve a visita de baleias, golfinhos e muitos passaros marinhos. Eu tive muito trabalho a bordo. No Rio de Janeiro coloquei slides na vela grande e me arrependi. Em uma tempestade fui risar e nao consegui. Pirei... Assim que acalmou, baixei as velas e tirei todos os slides. O maior trabalho, mas enfim fiquei mais tranquila. A partir do dia 7 consegui subir o gennaker e seguimos felizes com vento favoravel, mas logo a força do vento aumentou tanto que no lugar do gennaker o que rolou mesmo foi um vela de tempestade. Mesmo assim Petit voava.
Nao parava de trocar velas, sobe vela desce vela aiaiaiaiai.
As vezes o vento vinha de um lado outras de outro. Em um dia chegou a ter 4 tempestades de arrepiar.



Nas calmarias lia livros, li mais de 5 duarante a viagem.
Durantes as tempestades a preocupaçao eram os navios, que eram muitos no norte do Brasil. Dois passaram muito perto em tempestades. Aiaiaiai.
Um dia sonhei que meu barco estava ancorado quando um navio desgovernado passou por cima dele. Eu estava em terra vendo tudo, corri e la estava Petit todo quebrado. Devia estar com medo deles.
No dia 11 o barco deu um jibe Chines e o barco deitou. Nao consegui risar as velas pois ainda estava com os slides. Foi um sufoco. Mas logo ja estava navegando num mar de assustar.
Elen ficou me olhado sem miar, sem agir, sem nada. Quieta ficou.
No fim do dia gostava de fazer antes de anoitecer um mingal de tapioca, a tapioca que meu amigo Julival me deu. Elen acompanhava comendo um pouco tambem.







No norte do Brasil haviam muitas algas que sempre prendiam no leme e estava eu a retirar. Fiquei ate com o braço roxo. Alguns dourados seguiam o barco. Uhm comer um peixe aiaiai. Mas nao consegui, ou melhor nao pesquei.
Foi uma viagens de calmarias, tempestades isoladas e nada dos ventos alisios.
No dia 26 gritei terra a vista, quando passei por Barbados, mas nao parei. A cidade era tao grande que nao me animei a parar segui rumo a Santa Lucia. Mas como o vento nao ajudou acabei por so chegar no fim do dia e desistir de parar la e segui para Martinica. So as 13 h do dia 25 consegui largar o ferro e me jogar no mar azul do Caribe.











sábado, 30 de abril de 2011

Em Salvador...

A chuva nao para de cair a dois dias e nao posso colocar os lemes de Petit que retirei para reforçar. Agora a bordo tenho a companhia de uma gatinha que ainda nao tem nome. Ela ja ta se acostumando ao novo lar. A ideia é o mais rapido poder seguir viagem. Estou esperando tambem a chegada do rastreador que a empresa Grupo PHEX, www.grupophex.com.br forneceu para que todos possam acompanhar a nossa viagem. O Iate Clube de Aratu é muito agradavel e me sinto tranquila aqui. O canto dos passaros, os manguesais e tudo muito agradavel. A comida que me mata. Nao paro de comer. Aiaiaiai.
Enquanto espero a chuva passar e o rastreador chegar curto a Bahia.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Chegada em Salvador...




"Bem vindo a salvador..."
De vestido verde, brincos vermelhos e com um belo sorriso festejo a minha chegada em Salvador. Parecia uma simples travessia, mas foi uma dura travessia. Recheada de tempestades, calmarias e muito vento contra.
O Cabo de Cabo Frio parecia algo que nao seria ultrapassado. Cruzes... Que trabalho deu, mas depois dele ainda tinha o Cabo de São Tomé, o litoral do Espírito Santos e Abrolhos. Obstáculos que foram sendo vencidos um a um.
O litoral do Rio e do Espírito Santo nao existia solidão. O tempo todo diálogos no radio. Eram navios e pesqueiros, pesqueiros e rebocadores, plataformas, helicópteros, ai. Dia e noite muito movimento.
Para passar por Abrolhos demorei quase doze horas. Passei por 3 "Cajus", tempestades ligeiras com ventos fortes. A ultima o ceu fico tao negro que achei que vinha um furacao. Rs.
Depois de ultrapassar Abrolhos me vi sozinha no mar. Os papos no radio sumiram e segui uma viagem solitária. O vento também abriu e num traves cheguei a Salvador.
A viagem nao teve a presença de golfinhos e nem baleias, mas para a minha surpresa um morcego apareceu. Isso eu nunca esperei ver no mar.
Do resto, o ceu, o mar e Petit.



quarta-feira, 6 de abril de 2011

Mais um dia de muito trabalho

Acordei cedo e ja estava eu pendurada no mastro. Coloque slides na vela grande, ficou muito justo e tive que subir no mastro para arrumar. Subi duas vezes, sendo a primeira passei case duas horas. Agora ficou perfeita depois de um longo teste velejando. A Nautos mandou a sua equipe e minhas ferragens ficarao perfeitas para a longa viagem. Nessa primeira etapa vamos gravar para um programa de TV e em breve anunciamos. Vai ficar super legal, pois colocaremos cameras no lado de fora e no interior do barco. BBB Bel. Do resto a partida para Salvador fica para o Sabado e publicarei fotos em breve.

sábado, 2 de abril de 2011

No Rio...

Os trabalhos no Petit nao acabaram, mas na segunda Petit estara pronto para navegar. Essa noite o mar esteve alto e causou muito movimento o que poderia ser um desconforto a bordo, mas eu dormi direto e acordei com a luz do dia. Ontem o Cristo estava iluminado com a cor azul e aproveitei para ficar um tempo sob as estrelas e no meu Petit saboreando as belezas do Rio de Janeiro. Meu amigo Helio chamou para o chop, mas trabalhei ate tarde e nao pude ir, mas prometo que amanha tiro o dia para passear. Voltando para o trabalho...

quarta-feira, 30 de março de 2011

De Paraty ao Rio de Janeiro







Parti de Paraty sabado rumo ao Rio de Janeiro. Uma viagem que deveria ser rápida ja que o Rio fica a pouco mais de 100 milhas de Paraty. Mas...
Embarquei meu velho companheiro o Brasileirinho, um caiaque que ja passa dos seus 18 anos e juntos, eu, Petit e ele seguimos tranquilos numa bela tarde de sol.
Logo apos a Ilha do Mantimento, na baia de Paraty o vento acabou total. Como nao tenho um motor a bordo ficamos a observar o fim da tarde e a bela noite estrelada. Laguei o ferro e dormi. Logo cedo acordo com uma leve brisa e sigo rumo a Ilha Grande. O vento aumenta e vem de sueste. Uma boa velejada nas aguas calmas da baia da Ilha grande. O dia passa rápido e sempre junto ao leme sigo ate próximo ao Abraão e o vento acaba total. Passo umas duas horas ate conseguir ter um bom calado para larga o ferro. Um rapaz, Joao Pedro e sua namorada , se aproximam e me levam para mais próximo a casa onde eles moram e ali passo mais uma noite. Ele fica encantado em ver uma mulher sozinha e num barco sem motor. Eu me encontrava bem apesar de ainda estar a mais de 60 milhas do meu destino,mas eu sabia que nao precisava cruzar nenhuma linha de chegada e o tempo nao era o protagonista nessa historia.
Logo cedo subi os panos e sai com uma leve brisa e que ganhou força e me levou muito rápido ate a Barra de Guaratiba. O vento acabou novamente e como a corrente era muito forte larguei o ferro apesar dos 40m de profundidade.






Sou acordada com uma forte tempestade e fico esperando ela passar. A chuva caindo, os raios e as trovoadas faziam um espetaculo a parte.


Assim que a chuva acaba tiro o ferro, mas essa tarefa nao é nada facil. Tenho que utilizar a ajuda da catraca, minha Nautos, senao nao seria possível. Fico tao cansada, mas sempre levo o leme e sigo voando rumo ao Rio.
Apesar de ter muitas calmarias a viagem foi brindada por belas velejadas. Ja proximo ao Iate Clube o vento ficou bem na cara, contra e entre tantos bordo consigo chegar junto as poitas, desço a genoa e largo o ferro. Uma rajada entra e o ferro nao unha e la vou eu me distanciando do Iate. Aiaiaiai. Quando enfim o barco para eu ja imagino o trabalho que me espera. Tirar o ferro e novamente velejar entre bordos de volta ao Iate. Mas do nada surge um bote e nele dois amigos, o Chico e o Edu Loro. O Chico sobe a bordo puxa o ferro e o Edu nos leva a uma poita. Que sorte enfim cheguei.
Vou aproveitar esta escala no Rio para Nautos dar uma geral nas ferragens do Petit, vou fazer manutenção nos eletrônicos e comprar comida.
Hoje fui a casa dos meus pais e matei saudades. Nao sei quando voltarei, mas sei que eles sempre estarão aqui a minha espera.